terça-feira, 30 de julho de 2013

Russia dia 13 e 14 (Moscow)

Numa rua central de Moscovo, um homem, 1,85-1,90m, musculado, caminha vagarosamente como um cowboy. As mãos libertas estão prontas a usar as armas escondidas e que se notam, por baixo das calças entre os joelhos e os tornozelos. Os braços ligeiramente abertos dentro do casaco preto, um tamanho acima do que precisa, denotam a existencia de mais armas perto dos sovacos...
A rua pedonal tem meia duzia de lojas multimarca de luxo. Alguem muito rico e com inimigos... anda às compras...
Este cenário inicialmente provocou-me a adrenalina que normalmente me apraz, depois uma dor de estômago estragou a sensação. Tudo no espaço de segundos.
As avenidas que ligam o Kremlin a casa do presidente ou outro czar moderno, são fechadas ao transito sempre que algum as tem de usar provocando o caos no transito. Nos varios luxuosos gigantes e caros centros comerciais, a entrada para a area da alimentação e cinemas faz-se atravéz de porta detetor de metais perante o olhar operacional do segurança armado de pequena metralhadora e colete...
Nas estações de comboios e noutros locais que não me lembro, a passagem pelo detetor de metais é procedimento rotineiro.
(Nalguns casos a maquineta solta alarme e acende luzes ameaçadoras à passagem da maioria das pessoas, mas o segurança está demasiado ocupado com a sua chamada telefónica...)
Muitas lojas têm funcionario de segurança com detetor manual.
Não me apercebo da existencia de muitas camaras de vigilancia, nem na rua nem no metro, já a maioria dos carros possui uma. Aqui é preciso uma prova (?!) de que a coisa aconteceu...
Moscovo parece mais um filme que alguns filmes deixam transparecer.
Nem pensem andar a passear nas lindíssimas estações de metro... nem entrar, sair ou caminhar pelas plataformas armados em pessoas que não querem saber que horas são. Aqui tem de ser feito tudo ao ritmo da manada ou somos literalmente atropelados. Imaginem andar a 30 Km/h numa auto-estrada... num dá...

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Russia dia 11/12 (krasnaya Strela)

Estou neste momento no Krasnaya Strela ou Seta Vermelha um dos comboios que liga Moscovo a S. Petersburgo. Mais aqui: http://travelsort.com/blog/red-arrow-krasnaya-strela-night-train-st-petersburg-to-moscow-review

Não é um comboio normal. A sua cor, o seu logo abrasonado, a sua decoração, as suas 15 carruagens e a musica que toca nas estações antes da sua partida fazem deste mitico comboio uma experiência obrigatória.
Perfeitamente perfiladas, hospedeiras de boina vermelha e farda cinzenta (saia curta, claro), recebem-nos de forma eficiente.
Acompanhar-nos-ão durante toda a viagem, sempre disponíveis.

O cenário de hoje é o seguinte: estou no r/c dto. a escrever no tablet. Por cima de mim a Geniya, minha mulher, deve estar a ler no ebook com os tampões (fazem parte de um kit completo distribuído) nos ouvidos... A minha vizinha da frente é uma russa descontraída... e silenciosa que acabou de fechar o seu livro analógico e tenta dormir tapando uma das orelhas com a pequena toalha e com o edredon... não deve gostar dos tampões...
Por último, no primeiro esquerdo um peso pesado que até subir para o seu canto parecia o dono disto... ressona ritmadamente... :-)

Resta tentar adormecer e acordar às 7 com o pequeno almoço a ser servido alguns kms antes de Moscovo.

domingo, 28 de julho de 2013

Russia dia 11 (St. Petersburg 3)

Depois de passarmos em St. Petersburg os nossos padrões de exigência com os 'espaços verdes' ficarão eternamente alterados.
Não consegui encontrar nenhuma zona de relva mal tratada e lembro que no inverno falamos de 15, 20 ou 30 graus negativos...
Nunca vi tanto espaço verde, e bem cuidado, quer como corredor ao lado das estradas que ligam o centro aos arredores, quer em grandes jardins ou parques cheios de gente civilizada.
Ontem foi o Petergof que não se limitou apenas a copiar Versalhes, hoje o Catherina Park que arruinou completamente o meu fanatismo sobre Serralves no Porto e St. James Park em Londres. Só falta mesmo uma coisa para reduzir a quintal o parque da cidade no Porto, podermos pisar a relva...

Começo a ficar cansado de andar de boca aberta...

24. O numero mais visto por aqui. Health clubs, cabeleireiros, floristas, cafés e supermercados, oficinas automóvel, enfim tudo está aberto 24 horas!

Mais logo volto a testar o comboio noturno... desta vez em direção a Moscovo.

Russia dia 10 (St. Petersburg 2)

St. Petersburg é provávelmente a mais bonita cidade do mundo.
Arquitectura, água, muita água, muitos espaços verdes e gente bonita.
Cidade turística como Londres ou Berlim, muito ligada ao mar, à arte. Esqueço muitas vezes que estou na Russia, só me lembro quando vejo os transportes públicos.
Os homens russos andam muitas vezes com uma garrafa de meio litro de cerveja na mão. Ás vezes com um pequeno ramo de flores... Muitas vezes com barriga.
Já sabia que as russas gostam mais de vestidos e calções do que de saias. Não imaginava que existiam tão curtos...
A obesidade praticamente não existe. O desemprego tambem não.
Podia perfeitamente viver aqui.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Russia dias 8 e 9 (St. Petersburg 1)


Mar 
Cáspio - 
Golfo da 
Filândia

Entrar na estação de comboios de Leningradskiy em Moscovo a uma sexta-feira à noite é uma experiência alucinógena.
Mais uma vez sinto estar dentro de um filme do período soviético.
Dos altifalantes da estação sai uma musica que soa a marcha revolucionária. A estação está cheia de todo o tipo de pessoas. Destacam-se pela edumentária os funcionarios dos comboios que mais parecem, eles, porteiros de hotel de luxo e elas, hospedeiras dos anos 50.
A mim calha-me uma... Pede-nos os documentos e procura na lista de passageiros os nossos nomes. É claro que não encontra à primeira tentativa... Quando abre o meu passaporte a valiosa folhinha minuscula com o carimbo do registo policial voa para o espaço entre a plataforma e o comboio, uns bons 2 metros abaixo de nós... faltam 5 minutos para o comboio noturno arrancar para St. Petersburg. A barbie, a caminho acelerado dos 40, não perde ponta de postura e lentamente, caminhando como num desfile de moda, caminha 10 metros até um policia.
O jovem polícia sem nunca descruzar os braços vem até junto a nós espreitar para fosso observando o pequeno papel como se o quisesse ler... olha para mim fixo como se jogasse o jogo do sério, sorri ligeiramente e diz: -Eu não vou lá...

...cada compartimento tem 4 camas. É limpo e confortável. O convívio é intimo... Tinha uma pequena esperança que calhassem duas boazonas nas camas ao lado mas, não foi desta...

O Hermitage  é um exagero. O Palácio de Inverno fica localizado nas margens do rio Neva. Ao fim de pouco mais de uma hora de visita tive de fazer uma pausa. É muita areia de uma vez só. Abrir a boca de 2 em 2 minutos ajuda a esticar os neuróneos mas não é suficiente. Mais 20 minutos e tinha um esgotamento.

St. Petersburg é um concentrado de muita coisa concentrada...

Hoje vou dormir num apartamento de 1881...

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Russia dia 7 (Astrakhan 4)

Estação dos correios. Mais de 30 graus. Enquanto preenchemos um impresso que é uma fotocopia duma fotocopia duma fotocopia, tirada há muitos anos, adiante, entra uma mulher e pergunta: Querem comprar iogurtes?
Entretanto, um amigo tinha ido a uma loja ao lado fotocopiar o meu passaporte porque nesta estação dos correios a fotocopiadora está avariada. Estes são os segundos correios onde hoje tentamos resolver este processo obrigatório de registo de estrangeiros. Quem nos atende é uma funcionaria estrábica, de óculos grossos, até no seu comportamento, tudo parece tirado de um filme ocidental sobre o período soviético. Parecie tudo encenado para turista ver...
Mas Astrakhan não é só isto.
Ontem fizemos uma viagem de carro para sul, até onde a estrada permite. Depois uma lancha rápida levou-nos até um resort no meio de uma área protegida, paraiso de pescadores e amantes de observação de aves. Aí um barco mais pequeno levou-nos por canais que serpenteiam por entre os canaviais descobrindo flora e fauna im-pre-ssionantes!
As vacas são um problema. Principalmente para quem circula de carro nos arredores e acessos a Astrakhan. Em estradas rápidas, por vezes com mais de 2 faixas, uma vaca 'estacionada' no meio da estrada, ou uma manada vagarosa, quase sempre vinda da direita... é muito frequente. Acidentes dantescos tambem...
Uma fila perfeita de perdizes tambem nos fez abrandar...
Astrakhan vive á volta do que o estuário do Volga proporciona.
A cidade em si não é grande, os seus arredores sim.
Ja sinto saudades dos fabulosos amigos que tenho aqui.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Russia dia 6 (Astrakhan dia 3)

Estive a comer caviar(verdadeiro), "vobla" e a beber cerveja artesanal até agora. Por não existirem condições mínimas para escrever, hoje não há relatório. :-)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Russia dia 5 (Astrakhan dia 2)

Ainda não percebi se gosto ou não desta cidade. Parecida com Moscovo só se for a lingua e o interior das casas. Aqui produz-se muita coisa... carne, sal, pesca-se e exporta-se uma quantidade infindavel de peixe, extrai-se gaz e petróleo. Tomates, melancias. Por ar, terra e água, enviam-se mantimentos para Moscovo, resto da Russia e mundo. Daqui sai muiito dinheiro para a Capital...
Uma cidade ligada à navegação e ao transporte de mercadorias em geral.
As pessoas vivem menos o stress do status. Os carros são menos novos, mais Ladas.
Os prédios ou são feios e sem manutenção exterior ou são monumentos bem cuidados e fabulosos. Ambiente soviético.
As infra-estruturas da cidade não são boas... O interior das casas é uma agradável e contrastante surpresa com o seu exterior.
As pessoas investem dentro. No que é seu.
Na cidade. Uma percentagem enorme de lindissimas casas antigas em madeira a gritar por restauro.
Fora da cidade. 140 kms de semi-deserto para chegar a um óasis dificil de acreditar.

domingo, 21 de julho de 2013

Russia dia 4 (Astrakhan Dia 1b)

1.500 kms a sudeste de Moscovo, Astrakhan é a grande porta russa para o Oriente.
O transporte marítimo por excelência.
O rio Volga desagua, não numa foz, mas num infinito emaranhado de rias de todos os tamanhos. O mar Cáspio recebe de braços abertos este rio gigante que cumpre aqui a sua derradeira e provavelmente mais importante função.
Mas engane-se quem, com este cenario poderoso, imagina uma cidade moderna...
Uma grande quantidade de casas ainda é em madeira, muitas ruas para alem de não terem asfalto, não aparentam ter esgotos com saúde. A recolha de lixo é insuficiente... e mais não digo,  hoje.
A coisa mais parecida que vi foi Luanda no fim dos anos 80.
Mas algo de muito mais importante faz-me querer ficar mais dias...
Um 'bom jantar' pode ter diferentes significados.
Pode ter a ver com a qualidade do repasto, com o preço, com o local, com a companhia, etc.Varidas condicionantes do momento fabricam a opinião.
Hoje jantei muito bem, perdão, MUITO BEM. E, apesar da qualidade dos alimentos ser indiscutivelmente boa, da companhia ser perfeita e do preço ser nulo, o que coloca este jantar acima de qualquer outro foi o Amor investido.
O amor na contrução daquela casa - leia-se lar. O amor na escolha da comida, da bebida. O amor investido nas palavras e nos abraços sentidos, nos olhares timidos que caracteriza este povo. O amor investido em nos proporcionar uma receção arrepiante. O amor que se respira quando uma familia feliz está reunida. Obrigado por nos terem deixado entrar.
A esta familia de que a partir de hoje me apropriei, completamente, obrigado.

Russia dia 4 (Astrakhan Dia 1)

7:15 da manhã, Moscovo, 12 graus. Chove.
Taxi reservado no dia anterior chega 15 minutos antes e envia sms, para avisar que já chegou. Perfect.
No aeroporto dá para ver que é de voos domésticos. Russia concentrada, variada.
5 horas depois chegamos a Astrakhan.
Perto de 40 graus... A paisagem muda radicalmente. Estamos numa cidade de ambiente tropical. Prédios mais baixos, outra vegetação. Tambem por ser domingo, mas acho que não só, pessoas vestidas mais casual. Chinelos, calções.
Somos recebidos principescamente mas com uma descontração saborosa. 2 horas depois estou a provar estorjão e outras iguarias.
Sinto-me em casa. Spacibo.
Pelo que vi da janela do carro, 'nelas' só mudou uma coisa, ligeiramente menos roupa.
Alguem chama por mim, vou sair. Não faço a minima ideia para onde. Nem hoje, nem amanhã, nem depois, nem depois...
Até já.

sábado, 20 de julho de 2013

Russia (Moscovo Dia 3)


Para os que não sabem, na maioria das cidades russas, as casas são abastecidas com 3 tipos de água: 1 fria e duas quentes...
Uma das águas quentes serve para abastecer o aquecimento central no rigoroso inverno. A outra serve para evitar a instalação de esquentadores ou cilindros.Boa ideia!
No inverno a temperatura do aquecimento central é regulada com a abertura das janelas... serio.
Qualquer casa menos abastada tem aquecimento central.
Na maioria das casas de banho existe um toalheiro, sem possibilidade de regulação, sempre a debitar calor, mesmo no verão... uffff...
Algumas casas têm a sanita separada do resto... que me levou a mudar de divisão, com as calças nas mãos à procura de um bidé que, na verdade, não existe...
Os taxis cobram à hora o que quer dizer que circulam com cuidado e devagar... no fim do serviço pagas e instantaneamente recebes um sms com o valor pago. Nada de aldrabices...
Moscovo funciona!
As gajas continuam giras e boas e muitas mas ja me começo a habituar... amanha vou tentar falar dos gajos que as acompanham porque tambem merecem 2 ou 3 parágrafos pela sua peculiaridade...
Inté.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Russia (Moscovo dia 2)


O S. Pedro deve ser tuga. Mal cheguei a casa começou a chover a potes. Os carros estão menos sujos agora.
As cerejas de Resende são melhores (e mais baratas) do que as do Uzbequistão.
A Russia dificilmente (para não dizer nunca) há-de ser pobre. O palácio do Arsenal no Kremlin, tem uma quantidade de tesouros difícil de imaginar. Já nem quero ir ver os diamantes... Impressionante!
Estão a ver aquela publicidade do gajo excentrico que ganha o euromilhões? Não chega para comprar meio Kremlin. São trocos...
O metro também é uma experiência que faz qualquer estrangeiro sentir-se pobre. Não pelo velho metro em sí mas pela qualidade dos materiais das estações, construidas antes da 2a guerra e pelos elementos de arte que algumas possuem... Impressionante!
Na rua, os carros raramente são velhos, são de dimensões generosas pecando por um exagero burlesco no tunning... Impressionante!
As mulheres para alem do que disse ontem... são muitas... Impressionante!
:-)

(Continua...)

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Russia (Moscovo Dia 1)

Aterramos em Moscovo. O avião fica parado no meio da pista e o comandante do voo da Lufthansa esclarece: "...estamos parados sem qualquer informação do pessoal de terra, faltam 800 metros para estacionarmos, se tivermos lugar... aqui em Moscovo algumas coisas são difíceis..."
Passados 2 minutos lá arranjamos um lugar para estacionar o Airbus A320.
A bagagem chegou rápido. Ninguém gamou nada.
No controlo de saída o policia olha para mim fixo, ainda estava eu na fila, e quando passo pergunta à Genia: 'ele vem consigo?' - la mostramos novamente o passaporte. Parece que não tenho ar de russo...
Muitos homens, mesmo muitos, levam raminhos de flores às mulheres que chegam de avião... vou tentar descobrir porquê...
Conduz-se mal. Quando digo mal, não quero dizer como em Portugal, quero dizer, conduzir mesmo mal...
Os carros andam todos sujos. Um carro limpinho, é uma exceção.
O que não é exceção são gajas giras e boas...
Por hoje chega. Amanhã vou pro Kremlin e depois conto como foi...
Inté.